
A governança corporativa é um conceito do século passado, mas que vem ganhando destaque nos dias de hoje. Não só o posicionamento das empresas é de interesse público. A transparência, busca pela diversidade e preocupação ambiental dentro da organização constituem a linha de frente quando o assunto é geração de valor.
Faz-se necessário para as corporações prestar contas, com consumidores e acionistas. Uma forma fiel de entregar essas informações relevantes de uma empresa é saber como “governar”, ou seja, como exercer a governança corporativa.
O que é governança corporativa?
A governança corporativa é o conjunto de regras da organização. Elas vão guiar as ações para que os interesses de gerentes, sócios, investidores e stakeholders fiquem alinhados.
No Brasil, desde a década de 1990 existe o IBGC, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Essa organização sem fins lucrativos é referência nacional. Ela contribui para o desenvolvimento sustentável das organizações por meio da geração de conhecimento das melhores práticas em governança corporativa.
O IBGC define governança corporativa como “o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.
Dessa forma, a governança corporativa busca converter princípios básicos em um conjunto de práticas objetivas. O resultado que se pretende é o de alinhar interesses econômicos com a viabilidade da empresa a longo prazo.
Essas recomendações afetam a maneira como a estrutura organizacional conduz a tomada de decisão. Cada passo da empresa conta com um processo bem desenhado para facilitar o controle, a aquisição de recursos e a manutenção da gestão.
Os primeiros códigos de boas práticas de governança corporativa surgiram na década de 1990 e foram se aperfeiçoando ao longo do tempo. No Brasil, o IBGC possui uma publicação de 2015 destinada a estes códigos.
Quais os objetivos da governança corporativa?
A governança corporativa tem como objetivo garantir um crescimento saudável para uma empresa. Isso significa não só um crescimento sustentável , mas uma visão 360° que gere um bom relacionamento com a sociedade como um todo.
O objetivo é zelar pela longevidade do negócio. Para isso, estabelecem-se princípios e pilares que garantam que os interesses dos protagonistas sejam atendidos, sem descumprimento de leis e ordens e demais falhas nesse processo.
Qual a importância da governança corporativa?
A importância da governança corporativa é beneficiar toda e qualquer empresa a partir do grupo de boas práticas a serem seguidas. Ela facilita uma das grandes qualidades buscadas em um empreendedor que é a tomada de decisão.
Imagine uma empresa como uma embarcação. O CEO/Presidente e a liderança são os capitães do navio. Cada decisão pode inferir na qualidade do percurso, assim como estar preparado para as tormentas e momentos difíceis evita o naufrágio.
Só que essas decisões não devem ser tomadas por pura inspiração. Assim como um capitão de barco usaria um mapa, a governança indica os caminhos para mitigar conflitos, facilitar o controle a fim de aumentar o valor da empresa e todo o seu ecossistema.
Ao longo dos anos, de acordo com a IBGC, verificou-se que os investidores estão mais dispostos a pagar maiores valores a empresas que adotam boas práticas de governança corporativa.
Quais são os princípios da boa governança corporativa?
Existem quatro princípios básicos que norteiam, em algum grau, o conjunto de práticas do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Estes princípios servem de base para adequação da governança e a confiabilidade interna e externa da companhia. São eles:
Transparência
Desejo de disponibilizar informações para partes interessadas e não somente aquelas impostas por lei. Não deve ficar restrita ao desempenho financeiro, mas contemplar todos os fatores que se conectam no processo gerencial.
Equidade
E essa disponibilidade de informação deve seguir os princípios de isonomia. Isto é, tratamento em pé de igualdade a todos considerando seus direitos, deveres, expectativas e interesses.
Prestação de Contas
Os responsáveis pelo setor de governança precisam prestar contas em relação a suas atividades de maneira clara e concisa. O agente ficará integralmente ciente das consequências dos seus atos e deve atuar com máxima diligência no seu papel.
Responsabilidade Corporativa
Zelo pela viabilidade econômica das empresas, reduzindo as externalidades negativas dos negócios e operações. O agente de governança considera os diversos capitais (financeiro, humano, social, ambiental etc.) em determinado modelo de negócios a curto e longo prazo.
Como aplicar uma boa governança corporativa?
Para aplicar uma governança corporativa que seja efetiva, faz-se necessário comunicar o conjunto de regras de maneira simples e transparente. Os agentes constituintes do ecossistema empresarial tem que entender o seu significado.
Nesse sentido, existem vários primeiros passos possíveis. O ponto de partida depende da necessidade de cada empresa. Uma das formas de começar pode ser pela organização da parte contábil.
Depois, é importante pensar na estrutura. Caso não haja um Conselho de Administração, pode-se iniciar com um conselho de consultores, com profissionais externos que irão auxiliar como fazer atas, reuniões, assembleias, divulgação de informações, etc.
Quando finalmente houver sinergia e a empresa aprender a seguir o conjunto de processos da governança corporativa, forma-se um conselho próprio. Os próximos passos são a criação de comitês executivos e estatutários, que irão dar mais rastreabilidade nos processos decisórios.
8 benefícios de uma boa governança corporativa
Quanto maior o índice de governança corporativa, mais sólida uma empresa estará inclinada a ser e a colher os benefícios disto. Com o aprimoramento de processos, haverá diminuição de falhas e fraudes.
A reputação da organização também estará valorizada. Dessa forma, a transparência e confiabilidade que uma empresa com boa reputação possui irá atrair os olhares de investidores com grandes capacidades de aporte.
Outro benefício é a descentralização da gestão. Assim, com mais agentes situados no controle, fiscalização e revisão de processos, menos responsabilidade recairá sobre uma ou duas figuras de poder.
Além disso, vai fortalecer o compliance, muitas vezes confundido com o conceito de governança corporativa. Vamos explicar porque, apesar da proximidade dos termos, eles não são a mesma coisa.
Veja 8 benefícios da governança corporativa para uma empresa e/ou organização.
- Definição clara dos papéis de cada um na empresa: acionistas, conselheiros, executivos, especialmente em empresas familiares;
- Aprimoramento do processo de tomada de decisão da alta gestão e diretoria, com definição dos responsáveis por cada etapa de um processo, como geração de ideias, aprovação, implementação e monitoramento;
- Melhora dos mecanismos de avaliação de desempenho e recompensa dos executivos;
- Diminuição da probabilidade de ocorrência de fraudes por causa do melhor gerenciamento de riscos e aprimoramentos dos controles internos;
- Maior transparência de gestão perante os stakeholders da empresa;
- Redução dos riscos de crises financeiras;
- Melhor desempenho operacional das empresas em consequência de melhores processos de decisão e desta forma, melhor alocação de recursos.
- Geração de melhores relacionamentos trabalhistas, sociais e ambientais.
Governança corporativa e compliance
Com origem no verbo de língua inglesa “to comply”, compliance é a ação de acordo com uma regra ou uma instrução. Em negócios, o setor de compliance é responsável por garantir o cumprimento das leis e regulamentos e prevenir conflitos de interesses.
Governança corporativa é um conjunto de valores, incluindo éticos, que guiam a atuação da organização. Sendo assim, o compliance, pode-se concluir, é uma parte 100% focada nas leis e normas, importantes para o sistema de governança.
Compliance, enquanto isso, é a maneira de as companhias se manterem organizadas em conformidade com a lei. Governança corporativa, enquanto isso, vai alinhar a mentalidade dos gestores em todas as instâncias, principalmente as vias legais.
Conheça os pilares da governança corporativa
Os pilares da governança corporativa são 8: propriedade, princípios, propósitos, poder, papéis, práticas, pessoas e perenidade.
Por fim, quando esses 8 princípios são aplicados por uma gestão transparente de governança corporativa, eles auxiliam de forma positiva todo o planejamento de uma empresa.
Propriedade
Diz respeito à estrutura da empresa e ao regime legal de sua constituição. São eles que diferenciam as diretrizes de governança corporativa entre uma empresa e outra.
Princípios
São a base ética da governança corporativa. É onde se encontram os princípios básicos: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.
Propósitos
Refere-se à definição de missão e valores de uma empresa, que devem contribuir ao máximo para o retorno, a longo prazo, dos stakeholders e shareholders.
Papéis
Os papéis dos donos, diretores, CEOs, gestores e conselheiros são distintos, bem definidos e conhecidos por todos.
Poder
As estruturas de poder devem ser bem definidas, transparentes e aceitas por todos.
Práticas
A constituição e o fortalecimento dos conselhos de administração, direção executiva e sistema de auditoria são o alicerce para as boas práticas.
Pessoas
São o elemento chave dos sistemas de governança corporativa, responsáveis pela excelência operacional, otimização do retorno de investimentos, geração de riqueza e aumento do valor de mercado das empresas.
Perenidade
Tem como objetivo manter a empresa viva, em atividade, atuante e com participação crescente nos setores em que atua.
5 práticas de governança corporativa do iFood
Governança corporativa no iFood está presente na transparência na divulgação de resultados, na equidade, na prestação de contas e na responsabilidade corporativa.
Veja abaixo 5 práticas de governança corporativa do iFood.
- A divulgação do primeiro relatório ESG – Relatório de Impacto 2021 – com dados, balanços e resultados de ações de governança, entre outras.
- O programa iFood Inclui, que tem como objetivo promover a equidade, diversidade e inclusão nas vagas de trabalho oferecidas pela empresa.
- Na esfera da responsabilidade corporativa, o iFood conta com programas de proteção de dados e a segurança da informação pessoais no aplicativo do iFood, que são prioridades para a empresa.
- O iFood tem comprometimento com os stakeholders: colaboradores (FoodLovers), entregadores, estabelecimentos parceiros, entregadores e consumidores.
- Assinatura do Pacto Global da ONU com o compromisso de alinhar suas estratégias e operações aos princípios estabelecidos pela ONU nas áreas de sustentabilidade, educação e inclusão social.
Qual o stakeholder prioritário para a governança corporativa?
O stakeholder prioritário para a governança corporativa de uma empresa é o acionista, cujos interesses norteiam a tomada de decisão da administração da empresa.
Assim, quanto mais essas decisões são pautadas pelos mecanismos de governança corporativa, como responsabilidade corporativa e transparência, maior a confiança dos acionistas.
Portanto, práticas de governança como prestação de contas, eleição independente do conselho administrativo, seleção de executivos e adoção de práticas internas também aumentam a confiança dos acionistas na empresa.
Governança corporativa e ESG
Para entendermos a relação entre governança corporativa e ESG, primeiro é importante ter o significado da sigla na ponta da língua. ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança) é um conjunto de ações dividido nos pilares social, ambiental e governança.
Fica, dessa maneira, mais fácil de compreender a relação. Governança é um dos pilares que guiam o ESG. Seguindo essa agenda, é possível verificar se uma empresa é sustentável a longo prazo em questões que vão além da financeira e também entender a sua preocupação com o impacto que causa na sociedade
- No fator ambiental: a empresa se compromete a mitigar impactos ambientais e buscar soluções renováveis.
- No fator social: compromisso com direitos humanos dos trabalhadores e fornecedores.
- Governança: foco em administração concisa, com adequadas condutas, auditorias e conselhos responsáveis.
O iFood possui como uma das frentes prioritárias de atuação, o ESG, e o olhar da foodtech é dividido em quatro grandes áreas prioritárias: segurança alimentar, inclusão, meio ambiente e educação. Assim, nasceu o sonho grande da empresa: Alimentar o futuro do mundo é o grande propósito.
Muito mais do que ser a maior foodtech da América Latina e revolucionar o mercado de delivery, a empresa busca aproveitar do seu impacto para beneficiar aqueles que mais precisam e, assim, proporcionar um ecossistema sustentável a todos.
8 dicas de como aplicar a governança corporativa
Portanto, para aplicar a governança corporativa, é necessário haver interesse, comprometimento e determinação da diretoria, executivo, sócios e membros do conselho administrativo.
Por fim, veja abaixo 8 dicas de como aplicar a governança corporativa em uma empresa.
- Defina um conjunto de normas e políticas que definam as responsabilidades da direção, operação e gestão da empresa.
- Crie mecanismos de controle interno que garantam o cumprimento das normas e políticas estabelecidas.
- Implemente uma estrutura de gestão bem definida com níveis hierárquicos responsáveis para cada função.
- Identifique os riscos em potencial e crie mecanismos de controle e monitoramento para minimizar o seu impacto.
- Estabeleça uma trajetória a ser seguida pela empresa para atingir seus objetivos financeiros e operacionais.
- Desenvolva métricas para fazer o monitoramento da performance da empresa de forma que possa identificar áreas para melhoria.
- Promova um sistema de compensação que recompense o desempenho de acordo com as metas alcançadas.
- Aprimore a comunicação e esteja aberto às sugestões dos colaboradores, por meio da promoção de canais eficientes de comunicação entre os membros das equipes.
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