Mulheres negras são maioria entre empreendedoras no Brasil
Pesquisa revela o perfil das empreendedoras, sua motivação para abrir um negócio e como estão suas finanças
PorRedação
18/11/2022 17h02

Seis em cada dez mulheres empreendedoras no país são negras, revela pesquisa
Quem são as mulheres que empreendem no Brasil? Esse perfil foi revelado na sétima edição da pesquisa “Mulheres empreendedoras e seus negócios”, realizada pelo Instituto Rede Mulheres Empreendedoras (IRME) em 2022. O estudo mostra que elas são, em sua maioria, negras, mães e da classe C.
O levantamento, que teve os apoios da Rede Mulher Empreendedora e da Meta e a execução do Instituto Locomotiva, aponta uma proporção de 60% de mulheres negras entre as empreendedoras brasileiras, além de 37% brancas, 2% de descendência asiática e 1% de origem indígena.
Na análise das classes sociais, metade (50%) das empreendedoras pertence à classe C, 34% às classes A e B e 17% às classes D e E. No quesito escolaridade, 28% possuem ao menos ensino superior, e 24%, ensino médio completo.
As mulheres casadas são predominantes (57%), bem como as mães (73%). Destas, 51% têm filhos com mais de 18 anos. A faixa etária que prevalece é a de até 45 anos (63%), seguida pela de 46 a 59 anos (28%). A parcela das empreendedoras com 60 anos ou mais de idade é de 10%.
Empreendedorismo por necessidade
Um recorte bastante esclarecedor da pesquisa diz respeito a como a necessidade fez com que muitas mulheres buscassem uma nova fonte de renda no empreendedorismo, sobretudo durante a pandemia da Covid-19.
As frações de mulheres que abriram negócios por necessidade e por oportunidade, embora sejam as mesmas (46%), apresentam perfis bem diferentes de empreendedoras.
As que afirmaram ter empreendido por oportunidade são principalmente das classes A e B (67%) e não negras (54%), com ensino superior (64%), e abriram seus negócios há mais de cinco anos (55%).
Por sua vez, as mulheres que se tornaram empreendedoras por necessidade estão sobretudo nas classes D e E (71%), e a maioria delas é negra (52%). Também predominam as que têm ensino fundamental (56%) e as mulheres cujos negócios têm até dois anos (51%), indicando que eles foram abertos no período de pandemia da Covid-19.
Entre as razões para empreender, elas mencionam a busca por independência financeira, o desejo de juntar dinheiro e a necessidade de mais equilíbrio entre a dedicação ao trabalho e a destinada à família.
Do total de negócios empreendidos por mulheres há até dois anos, 42% surgiram por necessidade, e 45% foram criados por empreendedoras que vivem em favelas ou comunidades.
Contas no negativo
A pesquisa também revela que o faturamento da maioria (63%) das empreendedoras fica abaixo de R$ 2.500 mensais. O teto de R$ 5.000 por mês é a realidade para 80% das pesquisadas.
Além disso, uma boa parte (41%) das empreendedoras ainda não gera renda suficiente nem para pagar as despesas do negócio. Outras 35% conseguem saldar essas despesas, e apenas 11% consegue ir além e poupar recursos.
Se as contas muitas vezes estão no negativo, a positividade na análise do futuro é uma marca entre as empreendedoras do Brasil: 48% afirmam acreditar que o faturamento será melhor no próximo ano do negócio.
Informais, solitárias e solidárias
As dificuldades das mulheres empreendedoras no Brasil passam também pela formalização dos negócios. Em algumas regiões, como o Nordeste (64%) e o Norte (75%), a maioria atua na informalidade.
Das razões apontadas por elas, no país todo, para a ausência de CNPJ, a incapacidade de arcar com os custos para formalizar o empreendimento foi citada por 49% das respondentes da pesquisa.
Outra característica majoritária é a de mulheres que trabalham sozinhas: 57% atuam dessa maneira. E, entre as que empregam ao menos um funcionário, 44% contam com equipes compostas só por mulheres.